A Motivarh!! Desenvolvimento Humano é uma Consultoria de forte embasamento teórico, cujo diferencial está na criatividade e na inovação, buscando sempre superar as expectativas de resultados.

Nosso negócio é o Ser Humano.

Estamos convencidos de que não há substituto para a interação humana. Entendemos que está nas mãos dessa interação todo o constrito de idéias e conceitos que os clientes formam nos seus contatos com as organizações.

Diante disto a qualidade dos serviços e conseqüentemente os seus resultados, dependem do nível de envolvimento das pessoas e esse nível de envolvimento cresce na medida em que os colaboradores se sentem satisfeitos, reconhecidos, estimulados e se identificam com os objetivos organizacionais.

Esse envolvimento do colaborador com os objetivos da organização é o que hoje diferencia a imagem das organizações no mercado.


RODUTOS E SERVIÇOS

Estamos sempre prontos a desenvolver com nossos clientes programas de Treinamento, Trilhas de Aprendizagem com foco no Desenvolvimento de Competências, Oficinas, Palestras, Programação Anual de Treinamento, Avaliações e Implantações de Núcleos específicos de Desenvolvimento Humano como, Núcleo de Desenvolvimento Gerencial, Núcleo de Arte, dentre outros.

Visão & Misão

Nossa Visão:
É possível encontrar prazer e satisfação no trabalho através da identificação de suas motivações individuais e da busca pelo auto-conhecimento e auto-desenvolvimento.

Nossa Missão:
Apresentar às pessoas a possibilidade de encontrar prazer e satisfação no trabalho através da identificação de suas motivações individuais e da busca pelo auto-conhecimento e auto-desenvolvimento objetivando a felicidade e a satisfação individual com foco na melhoria da qualidade de vida no trabalho.

Nossos Serviços:

Descrição de Cargos

Plano de Cargos e Salários

Avaliação de Desempenho

Pesquisa de Clima Organizacional

Pesquisa de Cultura Organizacional

Programas de Treinamento e Desenvolvimento

Integração e Desenvolvimento de Equipes

Social Coaching

Sobre Planejamento Estratégico

O planejamento estratégico em recursos humanos se tornou uma necessidade nas organizações. A cada momento observa-se a crescente valorização do fator humano através da criação de programas de qualificação e desenvolvimento humano, permitindo assim a constante atualização das pessoas de forma a permiti-las acompanhar o desenvolvimento organizacional e agregar valor a imagem da empresa.

As organizações que adotam o planejamento estratégico em recursos humanos, são responsáveis por seu próprio comportamento e desempenho, e utilizam o planejamento estratégico como vantagem competitiva no mercado.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Analise Critica do Livro - “Consciência nos Negócios: Como construir valor através de valores” de Fred Kofman

Jim Collins, em seu livro “Empresas feitas para Vencer”, concluiu que o sustentáculo das transformações que levam organizações a avançarem de maneira surpreendente é a existência de um fator característico em seus lideres que ele denomina “Nível 5”. Tal fator é identificado como uma característica pessoal e psicológica, resultante do desenvolvimento interior. Fred Kofman em seu livro “Consciência nos Negócios: Como construir valor através de valores” avança sobre o tema levantado ao identificar um conjunto de atitudes e habilidades, denominado por ele de “Negócios Conscientes” que, em sua visão, são a chave para desenvolver a liderança Nível 5 de Collins.



Em sua introdução Fred Kofman mostra “onde esta o peixe”, mas ainda não “ensina a pescar”. Ao explicar o que é consciência, suas características e sua importância para a formação do desenvolvimento pessoal, Kofman desenvolve o tema até chegar ao impacto desta no mundo dos negócios.


Neste ponto as portas começam a ser abertas – o “Negocio Consciente” se mostra como uma característica da organização que deve compreender que o nível de consciência de seus lideres e funcionários é tão ou mais importante que o nível de conhecimento técnico. A mudança no paradigma de compreensão das necessidades passa a apresentar-se então como a primeira grande necessidade das organizações.


Mas por onde começar? Para chegar nesse ponto Kofman mostra que as organizações se desenvolvem em três dimensões: Técnica - Impessoal (ISTO), Relacional - Interpessoal (NOS) e Individual - Pessoal (EU) sendo todas elas essenciais e imprescindíveis para o bom desenvolvimento do negocio. Em cada uma dessas três dimensões desenvolvem-se distintamente ainda as competências do Ter, do Fazer e do Ser. O autor explica que o “TER” representa tudo que se almeja na organização dentro das três dimensões (Impessoal, Interpessoal e Pessoal). O “FAZER” da mesma forma, representa tudo que é realizado, as ações e atividades também desenvolvidas dentro das três dimensões. Já o “SER” representa a estrutura, de que é feita a organização tanto no campo técnico, nos seus relacionamentos e nas características individuais de cada um.


Com essa analise Kofman mostra que o caminho para iniciar uma mudança desse nível em uma organização consiste em concentrar os esforços no aspecto cultural, pois uma mudança nesse sentido levara objetivamente a uma mudança na organização. Porém as mudanças só se viabilizam por meio de novos comportamentos. A cultura existe em qualquer grupo e representa a forma como as coisas são feitas, quais são os valores, objetivos, crenças, necessidades e rotinas. É ela “que da sustentação a uma organização e permite a execução das estratégias da empresa, o cumprimento de suas metas e de sua missão.” Desenvolver uma cultura consciente passa a ser, portanto fundamental para as organizações que pretendam se desenvolver criando um ambiente favorável a retenção de profissionais melhores e mais motivados.


Kofman afirma também que o ponto mais forte para uma cultura “eficaz e saudável” e, portanto consciente, passa por uma liderança igualmente “consciente”. Desta forma, é possível perceber que as organizações devem buscar uma transformação aderindo a uma cultura consciente, passando a buscar lideres e profissionais com características pessoais e psicológicas relevantes para essa transformação e incentivando o desenvolvimento das “Qualidades Conscientes” por toda a sua equipe de trabalho. Esses líderes seriam então os responsáveis pela disseminação dessa nova “Cultura Consciente”. Uma cultura pela qual as pessoas são valorizadas como o ativo mais importante e são lançadas coletivamente à ação através de uma percepção mais abrangente, de um sentido de pertencimento mais claro e verdadeiro, de uma segurança e reconhecimento maior e da certeza de que todos estão em busca dos mesmos objetivos concretos.


O livro traz uma pesquisa do Instituto Gallup através da qual pode-se concluir que "talentos precisam de grandes gerentes". Bons profissionais são atraídos por líderes carismáticos e extraordinários programas de benefícios e de treinamento. A mesma pesquisa tornou possível conhecer também que manter esses talentos na organização com alto desempenho depende muito mais da qualidade da relação com seus líderes imediatos do que da manutenção dos itens que as atraíram para a empresa.


E quais seriam as práticas que permitiriam desenvolver líderes com essas virtudes capazes de mobilizar tal energia? A proposta de Fred Kofman é a aplicação de um modelo integral de liderança que reduz o rol de habilidades dos líderes a sete competências passíveis de aprendizagem, oferecendo-nos não só uma direção a ser trilhada na busca pela efetividade, mas se propondo a ajudar o líder a gerir sua vida com efetividade tanto na relação com o outro quanto na relação consigo mesmo permitindo assim muito alem do que o proposto. O autoconhecimento deste método permite aplicação em todas as situações da vida mostrando-se assim que vai muito alem de uma técnica de administração de pessoas.


Para conseguir um resultado excepcional no desenvolvimento dessas sete competências, é preciso se comportar de modo a produzir esse resultado e, para se comportar de tal modo, é preciso primeiro ser o tipo de pessoa capaz de assim o fazer. Em outras palavras, para ter, é preciso fazer, mas "o melhor modo de fazer é ser" (Lao Tzu). Para alcançar esse resultado (TER) Kofman propõe o foco em 3 competências do nível SER e 3 do nível FAZER.


Desta vez o texto, por se tratar de uma introdução, propõe-se a mostrar as formas erradas de “pescar” sem ainda ensinar de fato como o fazer. Nesse momento Kofman mostra de maneira bastante objetiva e bem exemplificada as características de um “Negocio Inconsciente”. No grupo do SER, são detalhadas as atitudes inconscientes. A culpa incondicional (colocar-se como vítima absoluta de circunstancias externas), o egoísmo essencial (foco exclusivo na gratificação do ego sem respeito aos limites morais, éticos ou legais) e a arrogância ontológica (crença de que a sua verdade sendo ela a única perspectiva válida e de que qualquer visão alternativa seja equivocada).


Quando culpa incondicional, egoísmo essencial e arrogância ontológica estão enraizados numa organização levam ao surgimento de três formas básicas de interação no trabalho. Essas formas de interação fazem parte do grupo do FAZER, e são: a comunicação manipuladora (omissão de informações relevantes), a negociação narcisística (tentativa de provar o seu valor mediante a derrota do seu oponente) e a coordenação negligente (modo descuidado de colaborar caracterizado pela ausência de comprometimento).


Alem dessas atitudes e interações, existe ainda um sétimo fator determinante que tende a atrapalhar os esforços despendidos na manutenção do estado consciente. A incompetência emocional se manifesta ciclicamente através da repressão e da explosão. A repressão é a ocultação dos sentimentos que se acumulam e que acabam por vir à tona através da explosão que nada mais é do que uma descarga de impulsos emocionais que na maioria das vezes levam a sentimentos de dor e culpa e que acabam então por desencadear novo ciclo de repressão, e assim sucessivamente.


Através do reconhecimento das características do “Negocio Inconsciente” fica claro compreender o seu oposto, ou seja, quais são as habilidades que os lideres devem, podem e precisam aprender e desenvolver de maneira efetiva em suas interações.


Responsabilidade incondicional (crença na habilidade de responder a qualquer desafio, percebendo-se como protagonista e não como vítima da própria vida), a integridade essencial (o alinhamento entre comportamento e valores essenciais) e a humildade ontológica (crença de que nossas percepções são condicionadas por nossos modelos mentais e de que outros podem ter percepções diferentes e igualmente válidas). A comunicação autêntica e respeitosa (saber expressar produtivamente a sua profunda verdade), a negociação construtiva (que aumenta o valor adicionado às partes), a coordenação impecável de ações (que garante o fiel cumprimento de acordos) e a competência emocional (saber balancear e alinhar emoções para agir com habilidade).


Nesse sentido Kofman ensina que “Um negócio consciente cultiva a realização pessoal dos indivíduos, o respeito mútuo nas comunidades e o sucesso da organização” sendo este então o resultado da aplicação das sete competências apresentadas. O domínio e o uso dessas ferramentas conduzem toda a organização a adoção de comportamentos desencadeadores de produtividade. Por outro lado, as incompetências nos níveis do SER e do FAZER levam equipes inteiras a comportamentos contra-produtivos. Visto dessa forma tudo que se pode resumir dessa introdução ao método pode não parecer nenhuma novidade, mas é muito raro e difícil encontrar tais atitudes e interações como práticas comuns no mundo corporativo.


De acordo com o autor, todo trabalho requer destrezas e conhecimentos específicos, as chamadas competências técnicas. Para ser um bom líder, no entanto, é muito mais importante o SER do que o FAZER e é ai que encontramos a maior característica de sucesso e excelência da técnica proposta por Kofman. Uma boa liderança precisa ter a confiança e o respeito de sua equipe de trabalho e esses dois elementos são conseguidos através não só da demonstração da competência técnica. E fundamental também um exercício constante da liderança consciente e o incentivo ao exercício das qualidades conscientes por toda equipe.


È possível concluir então que, a partir desse modelo, um projeto de desenvolvimento da liderança com o objetivo de resultados excepcionais sustentáveis não pode ser reduzido a um mero programa de treinamento focado apenas no conhecimento de técnicas comportamentais. Um projeto com esta ambição exige um processo que também apóie o desenvolvimento dos líderes como pessoas completas, através de um acompanhamento diário de suas atividades profissionais e do processo de desenvolvimento de sua consciência.


Com ênfase nas mudanças culturais e em um profundo desenvolvimento pessoal acredito que um dos mais importantes méritos deste programa é o fato de que todos saem ganhando. A preocupação objetiva com o homem enquanto ser integrante do processo e não apenas como ferramenta para obtenção de lucro traz boas perspectivas para o desenvolvimento das organizações e das relações delas decorrentes. Alem disso, incentivar a pratica das “qualidades conscientes” com toda certeza trará bons resultados, não só para a organização como para toda sociedade, pois o desenvolvimento pessoal dentro desses parâmetros trará ao nosso convívio pessoas mais conscientes de si e de seu papel social, mas equilibradas e, portanto, mais felizes.

sábado, 31 de outubro de 2009

Amanhã eu Faço

Adiar tarefas, planos e sonhos é muito mais comum do que se pensa. Mas pode ser muito mais custoso também. Quer saber por quê? Então não deixe para depois e leia esta reportagem agora!

Texto: Rafael Tonon

Faz uns 40 minutos que eu liguei o computador e abri um novo documento no Word na tentativa de começar a escrever este texto. Mas, antes de sentar aqui, na minha mesa, enfrentar a temida página em branco e começar a digitar estas letras, fui à cozinha preparar um café para ficar mais concentrado. Aproveitei para roubar uma bolacha do pote de vidro de cima da pia e puxei um assunto qualquer com a Cris, a moça que trabalha em casa. Na volta para o meu quarto, já com a xícara de café na mão, passei pela sala e espiei as manchetes do jornal que estava em cima da mesa. Não hesitei: puxei a cadeira e fiquei ali, lendo as notícias do dia. Quando voltei ao computador, abri logo meu correio eletrônico, dei um “enviar e receber” nos meus e-mails e acabei me distraindo ao responder às mensagens que chegaram. Depois que eu terminei, fui lembrar do arquivo à espera do meu texto... “Chega de protelar”, pensei. “É hora de trabalhar.”



Aposto que você, quando pegou a revista para ler, também deixou algumas tarefas para segundo plano: lavar a louça acumulada na pia (sempre ela), dar um telefonema, guardar no armário a roupa passada (ou colocar para lavar a roupa suja)... Enfim, algo deve ter ficado para mais tarde – ou para amanhã, dependendo da intensidade da sua falta de vontade de realizar determinadas coisas. Toda hora, temos que decidir o que fazer. E, para cada coisa que fazemos, há uma relação de coisas não feitas. E isso é bem comum, principalmente nos dias atuais, em que as tarefas parecem se multiplicar nas nossas agendas. Tão comum, aliás, que existe até um termo criado para explicar esse comportamento demasiado humano: procrastinação, que, do latim, significa “postergar, atrasar, demorar, adiar, delongar”.


A psicologia moderna já descobriu que 80% das pessoas procrastinam com certa frequência (se computarmos as que procrastinam de vez em quando, o número certamente sobe para 99,9%). O que nos leva a concluir que o nível de popularidade dessa tendência comportamental está mais em alta que a de muitos políticos por aí. Isso porque a procrastinação está presente em todas as áreas da nossa vida, do trabalho às questões pessoais. Procrastinamos a dieta, a arrumação dos armários, o check-up médico, o envio daquela cotação a um cliente, a entrega da declaração do Imposto de Renda. (Esse último item, aliás, vale um parêntese: este ano, a Receita Federal deu dois meses para receber as declarações dos contribuintes. A dez dias do prazo final, nem metade dos brasileiros que precisam declarar seus bens tinha enviado o documento ao governo. Sim, nós deixamos mesmo as coisas para a última hora.)


Estamos nessa Ou seja, postergar nossos afazeres é bem mais normal do que poderíamos supor. Quem garante é o psicólogo Joseph Ferrari, da Universidade De Paul, do estado americano de Illinois, e um especialista no assunto. Ele estudou esse comportamento em países tão distintos como Austrália, Estados Unidos e Venezuela para comprovar que não se trata de algo cultural, mas de conduta intrínseca ao ser humano. “É um comportamento que é considerado tão natural na nossa sociedade que a maioria de nós começa o dia procrastinando, ao apertar aquele botão do despertador que permite que fiquemos na cama por mais cinco minutinhos”, diz. “Procrastinamos o tempo todo sem nem mesmo perceber que o fazemos.”



Em pequena escala, empurrar com a barriga pode ser plausível. Afinal, há mais coisas a serem feitas do que qualquer um poderia dar conta em um único dia. Lembrar-se disso já é uma boa forma de ver a procrastinação com bons olhos, sem nos culparmos por não conseguirmos resolver todas as tarefas que a vida nos impõe. Não há mal nenhum em deixar para amanhã a renovação da carteira de motorista, o banho do cachorro ou a ida à costureira para pegar as roupas que ficaram prontas. O problema é quando se preterem muitas das tarefas. Ou então quando se adiam algumas delas por tempo demais.


O publicitário Sérgio Katz só se deu conta de que precisava parar de postergar os seus compromissos quando isso passou a lhe causar uma série de prejuízos – inclusive financeiros. Num curto intervalo de tempo, ele perdeu voos e a revisão gratuita do carro, pagou a academia de ginástica por meses sem nem ir sequer uma única vez e adiou incontáveis consultas e exames médicos. “Mas, de todas, a penalidade mais significativa era a tensão gerada e a energia que eu desperdiçava ao conviver permanentemente com uma preocupação sem resolvê-la de fato”, diz. Quem procrastina sempre tem a ilusão de que adiar o problema é uma forma de solucioná- lo por enquanto. É como se o escondesse debaixo do tapete para, na próxima faxina, lidar novamente com ele. Mas a questão é que os problemas não deixam de existir na mente de quem os adia. E, o que é pior, alguns deles tomam proporções maiores com o passar do tempo. Se você deixar para cortar a grama no mês que vem, pode ter um esforço maior do que teria se a aparasse hoje. Esta é a percepção que o procrastinador não consegue enxergar: deixar para depois é quase sempre mais custoso.


O adiamento de algumas tarefas acaba virando uma bola de neve. Sem conseguir controlar o próprio tempo e as próprias ações, a pessoa percebe que os dias passam sem que ela tenha conseguido lidar de fato com as situações, causando uma angústia enorme. Sérgio diz que sempre foi de deixar as coisas para depois, como estudar de última hora nas vésperas das provas, quando ainda era um aluno do Ensino Médio. Mas, com a chegada da vida adulta e o acúmulo de responsabilidades que ela trouxe, ele tem que aprender a se refrear a cada dia. “Hoje, cada vez mais, concordo com uma música da Legião Urbana que fala que ‘disciplina é liberdade’”, conta.



A tal prioridade Mas, se a procrastinação pode causar tantos danos, por quê, afinal, nós deixamos para amanhã o que devemos ou podemos fazer hoje? Segundo Ferrari, temos a tendência de postergar tudo o que parece ser tedioso, demanda muito trabalho, não é para hoje. Ou o que não nos dê prazer imediato. A procrastinação é um embate entre o tempo psicológico, estabelecido pelos nossos desejos, e o tempo social, que é o marcado pelo do tique-taque constante do relógio. E ela pode estar relacionada a diferentes razões. Uma é a falta de autocontrole, que faz com que as pessoas acabem adiando atividades para as quais deveriam dar prioridade, justamente por agir de forma impulsiva e perder o senso crítico e racional da situação.


São pessoas que dizem gostar de trabalhar sob pressão ou resolver as coisas no limite do tempo. E afirmam ter um desempenho melhor dessa forma. Está certo que, enquanto o jogo está valendo, é possível fazer um gol até os 45 minutos do segundo tempo. Mas a chance de vencer uma partida com um gol de última hora é muito mais uma questão de sorte do que de bom desempenho. Nesse minuto final tão decisivo para o placar, é possível perder o passe, ter a bola roubada, errar o chute. Aí não há mais tempo hábil para reverter o jogo. “Essas pessoas nem sempre gostam de trabalhar assim, mas por ter dificuldade de estimar o próprio tempo e, por isso, deixar as coisas para a última hora, têm que entregar tudo sob pressão e fingem gostar disso”, diz Ferrari. Na maioria das vezes, elas não conseguem calcular racionalmente o período necessário para a realização de uma tarefa, deixando-a, então, para os momentos finais.


No ambiente de trabalho, é comum agirmos pautados pelas prioridades. Ainda mais hoje, em que tudo parece ser ainda mais urgente. “O senso de urgência teve sua referência alterada. Tudo é muito rápido, tudo é para ontem, tudo tem que ser agora. Do contrário, podemos perder clientes, dinheiro, posição ou até status”, diz o consultor de recursos humanos Marcos Nascimento. Mas essa mudança no parâmetro de urgência afetou todos nós de forma negativa. Tanto que não podemos conviver com a ideia de deixar para amanhã a resposta a um email que não é tão importante assim. Na ânsia de fazer tudo e mostrar para o chefe que dão conta de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, as pessoas acabam postergando as tarefas que deveriam ser fundamentais. “A tendência que temos em glamourizar o estresse influencia muito nossas decisões. Daí, como temos muitas coisas consideradas urgentes, é bem provável que coisas cruciais, realmente importantes, fiquem negligenciadas”, afirma.


Ou seja, esse novo senso de urgência está fazendo com que nos tornemos mais procrastinadores ao adotarmos a ideia de que tudo é impreterível. Não é: há coisas mais urgentes do que outras. E estabelecer essa hierarquia de prioridades, apesar de difícil, é primordial para que as tarefas importantes sejam feitas com a dedicação que elas exigem. Estudos indicam que, quanto mais detalhada e objetiva for uma tarefa, mais chances temos de realizá-la. Se, ao contrário, percebemos uma atividade como distante do aqui e agora, tendemos a deixá-la para ser resolvida em um futuro vago, para quando sobrar um tempo – se é que vai sobrar. Por isso, é mais fácil procrastinarmos uma intenção (como começar a estudar italiano) do que uma tarefa (entregar um orçamento). Criar prazos e termos concretos é uma forma de nos impulsionarmos a pôr a mão no batente e seguir em frente – seja no que for. Se os editores desta revista não me dessem um prazo, dificilmente eu estaria contando o que eu apurei nesta reportagem para você neste momento. Provavelmente, ia continuar a me distrair com o jornal ou até com outros afazeres acumulados. Porque os prazos nos ajudam a vislumbrar o que tem que ser feito. E fazer!



Tomar decisões Mas nem todo mundo consegue ter essa visão prática da vida. Tenho uma amiga que vive uma grande dificuldade nesse sentido. Não que ela não saiba o que é preciso fazer. Ela sabe – e faz muitas delas, principalmente no trabalho, onde todos nós costumamos ser mais responsáveis. Mas muitas vezes ela procrastina por não conseguir tomar uma decisão acertada das coisas. Desde que eu conheço a Carla (como ela pediu para chamá-la aqui), ela sempre foi assim: atrasada para todos os encontros e compromissos, ela tem um verdadeiro guarda-roupa no carro justamente por nunca conseguir ir para casa se trocar. Em aniversários e comemorações, ela não compra o presente de última hora: compra no outro dia, quando o aniversário já passou. Há duas semanas, a vi online no MSN e perguntei se ela permitia que eu contasse a história dela aqui, já que não conhecia uma pessoa mais procrastinadora. Ela gostou da ideia, mas precisaríamos conversar outra hora porque ela tinha que pagar uma conta pela internet ainda naquele dia. Detalhe: eram 23h40 da noite. “Sou enrolada mesmo,. Fico adiando e quando vejo passou da hora. Se eu sei que tenho 15 minutos para fazer alguma coisa, eu uso os 15 minutos cheios e ainda aproveito mais uns dez minutos que usaria para outra coisa”, admite.


Não pense que a Carla se vangloria por ser assim, não. Se pudesse, ela seria bem mais organizada e decidida. “Quando consigo me organizar e antecipar as coisas, sinto uma satisfação muito grande. Mas quase nunca consigo”, diz. E essa impossibilidade não está ligada somente aos afazeres e compromissos, mas à vida pessoal. Em um relacionamento há cerca de oito anos, ela já não se sente tão envolvida, mas não consegue dar um ponto final à relação. “Nos últimos dois anos, o problema só se agravou. Eu continuo adiando, adiando e adiando. Mas eu simplesmente não enxergo o dia em que essa decisão terá que ser tomada. Fico buscando caminhos, saídas, soluções. Tudo para evitar cada vez mais algo que é inevitável”, conta.


Carla faz parte de um grupo de pessoas que procrastinam por não conseguir tomar decisões porque não decidir, na cabeça delas, as absolve das responsabilidades que viriam com tais decisões. E, para não sofrer as consequências, preferem ficar estacionadas. A maioria de nós também é assim: temos a necessidade imperiosa de evitar ou desprazer a qualquer custo. Preferimos, muitas vezes, a agonia da espera, em lugar de fazer de uma vez o que precisamos, principalmente se for para nos causar qualquer tipo de sofrimento. Não conseguimos ter o distanciamento necessário para estabelecer uma relação entre esforços e resultados e perceber que o sofrimento, muitas vezes, vem em decorrência de uma mudança mais positiva. E que causaria muito mais prazer para nós mesmos.


Sem medo de arriscar Segundo Ferrari, essa questão está ligada a nossa baixa autoestima e nossa insegurança. E, por causa delas, acabamos protelando por evitar o medo de não termos o sucesso esperado em algumas tarefas. “As pessoas com essas características são muito preocupadas com o que os outros pensam delas. Dessa forma, preferem que pensem que ela é displicente e tem problemas em se esforçar para agir do que percebam que, no fundo, elas não têm habilidade para isso”, explica. Quem se lembra da história de Joe Gould sabe bem o que isso significa. Gould era um boêmio culto que vivia como um mendigo pelas ruas de Nova York entre as décadas de 1940 e 50 sem dinheiro no bolso e com uma ideia fixa na cabeça: escrever uma obra monumental que ele tinha intitulado de História Oral do Nosso Tempo. O livro seria o maior já escrito no mundo e reuniria ensaios e conversas ouvidas por ele em suas andanças pela metrópole americana.


Gould tinha certeza de que a obra faria dele um grande escritor e historiador dos tempos modernos, um nome para ser lembrado pela posteridade. Sua vida foi contada pelo repórter Joseph Mitchell, um dos maiores nomes do jornalismo literário, em dois perfis publicados na revista New Yorker – e depois reimpressos no livro O Segredo de Joe Gould. Sem querer ser um estraga- prazeres, revelando o segredo de Gould aqui, é imperativo: a História Oral não existia, era uma mentira forjada por Gould. Ele nunca chegou a escrever um rascunho do livro, apesar de propagar em conversas a grande obra-prima em que estava trabalhando. “A História Oral era seu salva-vidas, o único meio de se manter à tona”, escreveu Mitchell sobre seu personagem. “Se ele a tivesse escrito, provavelmente não haveria de ser o grande livro que andara apregoando para cima e para baixo”, acredita seu biógrafo.


Por achar que o livro propriamente dito fosse ser inferior à ideia que ele tinha (e fazia os outros terem), Gould recuou e preferiu viver por trás da máscara de um grande escritor sem nunca tê-lo sido. “É normal as pessoas se sentirem paralisadas quando algo parece ser maior do que elas. Acabam procrastinando porque exigem tanto de si próprias numa tarefa que acabam com medo de enfrentá-la”, afirma o psicoterapeuta e filósofo Ari Rehfeld.



O perfeccionismo exacerbado tem a capacidade de nos fazer desistir ou postergar por um tempo ilimitado nossos afazeres, desejos e intenções. “Dê-se a chance de realizar algo bom e não necessariamente ótimo. Experimente começar a fazer para só depois avaliar. Permitir começar já é um grande passo”, aconselha Rehfeld. Claro que é preciso ter consciência das limitações e habilidades para o que se está disposto, mas se vencermos o que nos paralisa e nos desviarmos das distrações que nós mesmos colocamos todo dia em nossa vida, já teremos meio caminho andado para enfrentar qualquer situação. Nem que seja, como no meu caso ou no de Gould, uma temida página em branco.


Xô, procrastinação CRIE PRAZOS:


Eles são importantes para nos organizarmos mentalmente e termos claro que não podemos enrolar para sempre para fazer as coisas e cumprir os compromissos.


DÊ-SE RECOMPENSAS


Permita ficar meia hora batendo papo para algumas horas seguidas trabalhadas ou prometa-se um presente quando estiver na metade do projeto. Isso ajuda a se esforçar mais.



CONCENTRE-SE


A forma mais fácil de procrastinar é se distraindo. Dê atenção às tarefas. E evite telefones, e-mails e tentações da internet.


FAÇA LISTAS


Coloque tudo o que você tem ou deseja fazer no papel. Mas seja sincero mesmo: elimine as tarefas que você não planeja realizar nunca, mas vai acumulando.



NÃO MISTURE


Faça listas diferentes para prioridades do trabalho e dos afazeres domésticos, por exemplo. Senão as urgências do trabalho vão sempre ficar em primeiro lugar.


ABRA O JOGO


Se você acha que não vai dar conta de uma tarefa, seja honesto: fale das suas dificuldades. Mas, se possível, tente fazê-la. Você pode se surpreender.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009


A raiva é um luxo que você não pode mais ter, o tempo que dedicaria a este ânimo precisa ser investido em assuntos infinitamente mais importantes. Releve tudo que magoa sua alma, se concentre no que realmente vale a pena.