Organizaram a coleta de recursos, escolheram um sacerdote para mestre de obras e embarcaram material e homens em um navio, pois, o Templo seria construído numa ilha do litoral daquele reino.
A construção, seguindo à risca o plano do mestre de obras, começou.
Passados seis meses , o sacerdote retornou à ilha para verificar o andamento dos trabalhos. Desceu sozinho à ilha. Era verão. Ele suava, o sol o queimava, sentia sede , os insetos o importunavam, mas ele seguia sem esmorecer pela trilha que o levaria ao canteiro de obras.
Na primeira curva do caminho, viu um grupo de homens ocupados em quebrar enormes pedras com pesadas marretas.
Deu-lhes bom dia e ninguém respondeu. Mesmo assim perguntou-lhes o que estavam fazendo. Apenas um homem , mais próximo, respondeu com uma voz sem expressão:- Aqui estamos quebrando pedra.
O sacerdote , então, deixou-os entregues à sua tarefa e seguiu a diante.
Na segunda curva do caminho, deparou-se com um segundo grupos de homens realizando a mesma tarefa. Alguns reclamavam, outros blasfemavam; o rancor escorria de cada palavra , de cada homem. O sacerdote igualmente cumprimentou e , para sua surpresa, foi respondido por uma meia dúzia de homens suados,cansados , feridos. O sacerdote se animou e perguntou-lhes o que faziam. Esta mesma meia dúzia com uma voz repleta de agonia e desesperança, respondeu:- Nós aqui estamos construindo uma parede.
O sacerdote com o coração já apertado e com o corpo castigado pelo calor, pelos insetos, pela sede, pela fome , deixou aqueles homens construtores de paredes e seguiu a trilha que o levava mais e mais ao coração da ilha.
Antes de uma última curva do caminho, ouviu vozes que cantavam uma música de suave harmonia e delicada alegria. Apressou o passo curioso e ao dobrar a curva encontrou um grupo de homens aparentemente igualzinho aos outros dois. Todos estavam queimados pelo sol, magros, roupas em farrapos, suados , famintos. Suas mãos envoltas em trapos sangravam. Os pés de todos eram chagas vivas. E, no entanto, eles cantavam.
O sacerdote, sentindo o coração alegrar-se cumprimentou .Curiosamente, todos juntos responderam à saudação.
E quando o sacerdote lhes perguntou o que eles estavam fazendo ali, o ar fui inundado com a magnífica resposta. Todos juntos , com uma voz que denunciava o conhecimento da tarefa empreendida e seu orgulho de a estarem realizando, responderam : Ah ! nós aqui estamos construindo um tempo.
"Siga a sua bem-aventurança, lá onde há um profundo sentido do seu ser, lá onde seu corpo e sua alma querem ir."
(Joseph Campbell)
Ana Lúcia de Mattos Santa Isabel
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